terça-feira, 13 de setembro de 2011

Novo Toyota Camry 2012

 
O que fazer quando se precisa mexer no campeão de vendas do maior mercado do mundo? Esse bom problema se apresentou na forma do projeto da sexta geração do Toyota Camry que você vê nestas páginas e acaba de chegar por aqui. Sua história começou assim que a geração anterior chegou às lojas, em 2002. É verdade que houve um soluço no desempenho das vendas: em 2001, o Camry foi superado por seu arqui-rival, Accord, mas reverteu a situação já no ano seguinte com o modelo novo. É bem possível que a concepção atual tenha sido influenciada pelo brio temporariamente ferido da equipe de projetistas da Toyota, que simplesmente não podia errar a mão. "Pesquisas de mercado mostraram que o Camry era visto como um carro perfeito, mas muito racional, sem emoção", afirma o gerente de produto da Toyota do Brasil, Paulo Manzano. O mote do desenvolvimento do Camry - de kammury, em japonês, que significa coroa - passou a ser "rejuvenescimento", desafio concentrado principalmente nas áreas de design, motor e equipamentos.

No que diz respeito ao design, quem se acostumou a ver o Camry como um sedã pacato, com linhas previsíveis e frente baixa pode não identificar o velho conhecido. Talvez seja até confundido com o novo Avalon, sedã maior que a marca oferece para um segmento superior ao do Camry. Com linhas musculosas e grade dianteira imponente, o Camry ganhou personalidade. Interessante notar como esse estilo tipicamente americano dos novos tempos chegou a ser um ícone do conservador design japonês.

As aparências não enganam. O novo motor V6 tem 284 cavalos, 98 a mais que o motor da geração anterior. É potência superior à que existe no mais bravo dos Porsche Boxter, o S, com 280 cavalos. Na pista de testes, o Camry acelerou feito esportivo. Fez de 0 a 100 km/h em apenas 7,3 segundos. É desempenho de sobra para a circunspecta categoria dos sedãs familiares e de vocação executiva. Basta dizer que a 100 km/h em "Drive", o motor sussurra a 1700 rotações por minuto. A façanha é fruto de tecnologia aplicada, que começa com o bloco de alumínio e o duplo comando variável (VVTi), para admissão e escape, nas duas bancadas de cilindros; passa pelo sistema que varia o caminho dos gases dentro dos coletores de admissão (ACIS) e chega ao acelerador eletrônico que comanda a borboleta baseado não só na posição do pedal, mas também nos sensores que monitoram a quantidade de ar admitido, a curva de ignição e os sistemas como o piloto automático e o controle eletrônico de estabilidade. Além de garantir respostas rápidas, segundo a fábrica, esse arsenal torna o motor mais limpo e econômico. Em nossas medições, o Camry conseguiu boas médias, de 7,7 km/l, na cidade, e 10,8 km/l, na estrada. As acelerações e desacelerações do Camry agora são mais graduais e o motor trabalha de modo suave, com menor ruído e vibração.

 
 Tecnologia do conforto
Pouco importa se o silêncio e a ausência de vibração na cabine vêm da suavidade de funcionamento do motor ou do isolamento acústico da parte dianteira do carro. Para reduzir a propagação de ruídos, tanto para a cabine quanto para fora do veículo, as laterais do compartimento do motor foram vedadas, e a parte interna do capô recebeu isolantes acústicos. O motor repousa sobre coxins hidráulicos eletrônicos, que variam sua rigidez e capacidade de amortecimento conforme a rotação do motor.

"O conforto sempre foi uma característica do Camry", diz um dos primeiros compradores da nova geração do modelo no Brasil, com a discrição do anonimato e a autoridade de quem já foi dono de outros três exemplares, um de cada uma das gerações anteriores vendidas aqui. "A posição de dirigir é correta, ele agrada no uso diário e não cansa nas viagens", afirma. Depois de nossa avaliação, podemos dizer que na sexta geração o que era bom ficou melhor. O Camry não tem a mesma rigidez de carroceria de um sedã alemão, mas percebe-se que ele está bem assentado nos pneus 215/60 R16. A suspensão tem consistência e sabe poupar os passageiros do que se passa nas ruas. O volante mostra uma certa letargia quando se quer mudar de direção de repente, característica evidenciada nas provas de slalom. Se o comportamento mais lento não agrada àqueles que têm espírito mais esportivo, está plenamente em sintonia com a proposta do carro.

Todo mundo se sente à vontade na cabine. Qualquer que seja a localização do passageiro, o espaço é amplo nas três direções. Os bancos são de couro e no painel há detalhes que alternam metal e laminado de madeira. Todos os comandos são de fácil acesso, mas o exagero de botões no caso do sistema de ar-condicionado serve para transmitir um certo complexo de inferioridade ao usuário, que se sente intimidado para explorar todas as funções disponíveis no painel.

O Camry é mais caro que seus rivais. Custa 163072 reais, enquanto o Honda Accord EX 3.0 V6 sai por 134795 reais. Mas o Camry entrega mais. Tem mais motor, é mais moderno e vem mais bem equipado. Além dos itens que o Accord EX traz de série, como teto solar, airbags frontais e laterais, ar-condicionado dual zone, piloto automático, CD player e freios ABS, o Camry XLE traz ainda ESP, faróis de xenônio e computador de bordo e seu câmbio automático é de seis marchas, enquanto o do Accord é de cinco. Entre os recursos exclusivos, o Camry oferece ainda um sistema purificador de ar (veja quadro) chamado Plasmacluster e um engenhoso sistema de som. Com rádio AM/FM, CD player para seis CDs, leitor de MP3 e WMA (Windows Audio Media), o conjunto foi projetado para satisfazer ouvidos de todas as idades. Dos jovens adeptos das novas tecnologias digitais aos maiores de 50 anos, para os quais a recepção de rádio é o mais importante, inclusive AM, de acordo com o que a Toyota descobriu em suas pesquisas. Por essa razão, os técnicos melhoraram a recepção de AM a bordo. Os alto-falantes, em número de seis, foram instalados obedecendo a princípios de psicoacústica, ciência que estuda como o ser humano percebe e interpreta os sons. "No Camry, as pessoas têm a sensação de que os alto-falantes estão mais próximos dos ouvidos do que realmente estão", diz Manzano.

A julgar pelo resultado apresentado, os projetistas da Toyota acertaram na mexida do time. O renovado Camry tem tudo para continuar agradando a sua grande torcida. Quem disse mesmo que em time que está ganhando não se mexe?


Por: Raphael Luna

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